domingo, 30 de junho de 2019

90 anos da minha avó! Parabéns!

A minha avó faz 90 anos!!! Parabéns querida avó! E vamos festejar. Aos 90. A ela. Ao seu gosto pelas festas. À sua alegria. À sua boa disposição. 

A matriarca da família, agora já mais debilitada pela saúde e pela idade, sempre gostou de festejar. De alegrar. De cantar os parabéns de todas as formas que existem. De brincar. De tirar fotografias. No fundo, sempre gostou de viver alegremente a vida. 

Já sofreu muito, conta-me. Já passou fome. Viveu tempos difíceis. Teve 12 filhos, todos seguidos. Chorou muito e trabalhou muito. Fala-me da tristeza que sentiu quando o meu avô andava por lá, referindo-se ao estrangeiro, descreve cada gota de suor do meu avô na construção da casa , relata todos os momentos de amargura que já passou. Mas todos eles foram vividos com um grande amor: o meu avô! 
Hoje chora com saudades dele! Sente a sua falta. Senta falta da sua companhia, carinho e dedicação. 
Continua os seus dias com a dedicação dos filhos. Com o carinho de toda a família.

Eu faço parte dos seus 27 netos. Eu tive a sorte de a ter como segunda mãe. Foi ela que me ensinou a comer de faca e garfo, foi ela que me vestia para ir para a escola, foi ela que me penteou, foi ela que me ensinou a rezar... e foi por ela que chorei todos os dias por não querer ir para a escola.

Recordo do cuidado que tinha para comigo, dos penteados sempre diferentes que me fazia, do leite com trigo velho para o aproveitar, do assado ao almoço quando não tinha aulas de tarde, das roupas feitas pela costureira Mirita, da pasta dos dentes na escova já colocada para não me atrasar, do bolo de canela , das broas de batata, do arroz de bacalhau que mais ninguém sabe fazer igual, do arroz na forma do pudim para ficar bonito, da decoração da mesa, dos retratos de todos os netos em cima da cómoda, dos lenços, do porta moedas a combinar com a mala.... Enfim tanta coisa que me fazem lembrar a minha avó. Lembrar da minha infância é lembrar da minha avó.

De todas as formas de amor que existem, o amor dos avós é de uma doçura indescritível! Que sorte a minha por ter esta avó que tão bem cuidou de mim. E mesmo agora que a saúde por vezes a condiciona, eu sei bem que tenho um lugar bem especial no seu coração, como ela preenche o meu com ternura, doçura e muito amor!


segunda-feira, 17 de junho de 2019

A felicidade de poder dar colo!

3 anos separam estas fotos. Muita coisa mudou mas o colinho continua! Por mais que passem os anos o colo de uma mãe estará sempre disponível.
3 anos... parece que foi ontem... 3 anos depois já sem cadeira de rodas nem cateteres,  já sem internamentos e ausências, já com diagnóstico correto e com tratamento adequado, continuamos aqui firmes na esperança que não volte a acontecer... 

Há 3 anos atrás, passava pelo momento mais doloroso que tive até hoje... ninguém imagina a dor. 
A frustação, a desilusão, a tristeza e o medo faziam parte de mim.  De todas as dores, a maior era por não conseguir e estar impedida de acompanhar o crescimento da minha filha... 

Foi difícil! 

Hoje superei tudo. Lido muito bem com toda a problemática que a doença me trouxe: as idas constantes ao hospital,  a medicação, os inchaços, as estrias, e sobretudo o peso de carregar uma doença crónica. O que mais me custa "engolir" e esquecer foram os momentos que eu perdi com a minha filha. Os banhos que não lhe dei, o colo que nem sempre consegui dar, a força que uma mãe tem que ter eu nem sempre a tive... isso jamais vou conseguir esquecer.

3 anos depois, aparentemente melhor, com todas as cicatrizes espalhadas pelo meu corpo, uma coisa a doença não me tirou:  O poder de dar colo!



domingo, 16 de junho de 2019

Cair na realidade!

O tempo vai passando e cada vez mais tomo conta das limitações... vai-me mostrando que afinal não é assim tão simples conviver com a doença, que afinal ela trouxe mais complicações que eu pensava.

Por vezes, melhor dizendo, muitas vezes, é difícil para mim acreditar que isto não terá uma reviravolta. É difícil acreditar que isto será para sempre.

Olho para trás com saudade. Olho para trás e penso nos meus objectivos, nos meus sonhos, na minha vida. Como ela mudou! Como eu mudei. Coisas que eram tão simples e que agora são tão complicadas. 

O aceitar da nova realidade é o mais difícil. É o que mais afecta, é o que mais magoa.
O tomar consciência das minhas dificuldades é o meu maior dilema, o meu grande objectivo, mas ao mesmo tempo a minha grande superação.

O passado faz parte. Mas fica lá trás. Agora o presente é assim e não vale de NADA chorar por algo que não voltará. É ter coragem de enfrentar a realidade por mais dura que ela seja.

terça-feira, 11 de junho de 2019

11 de Junho 2016

3 anos se passaram deste dia. Para mim parece que foi ontem. Lembro-me de cada minuto, de cada momento, de cada lágrima.

Depois de 27h de urgência, sem saberem o que eu tinha, de terem já descartado várias opções, depois de ter ido a outro hospital fazer uma avaliação, eu volto ao mesmo hospital onde tinha estado internada há 3 meses atrás. Foram 27h!!! 27h de muitas dores. 

A dor andava comigo há mais de uma semana. Ja tinha me dirigido à urgência. Mas sem uma causa aparente. De dor muscular, passou por apendicite, passou por trombose venosa... passou por tudo mas nenhuma medicação fazia efeito e cada vez mais agudizava-se. 

Deixei de andar. As febres sempre altas. A lembrança da trombose venosa profunda ainda era recente. 
Como o diagnóstico era tão difícil, decidiram que tinha ficar internada para uma avalição profunda. "Outra vez?"
Outra vez o tormento. Outra vez num hospital. Outra vez as dores. Outra vez...

Volta tudo mas bastante pior. 

Fico num corredor do hospital, não existiam camas livres. Não dormi um único segundo na primeira noite. Não tinha posição. Ora tinha frio. Ora tinha calor. A medicação não fazia efeito.

Mas de tudo, o que é o mais difícil de suportar é a incerteza. É não saber. É a dúvida. É o medo.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Hoje o mano faz anos!

Parabéns mano! 

Parabéns a ti que és Luís porque nasceste no dia de Luís Camões. Parabéns a ti que me trouxeste o dom de partilha. Parabéns a ti que me estragaste os brinquedos, acabaste com a minha paciência e me enlouqueceste com as tuas birras.

Trouxeste contido a rebeldia. O meu sossego terminou com a tua chegada. 😁 Mas encheste a minha vida de sorrisos, brincadeiras, e sobretudo Amor. Amor entre irmãos é um amor incondicional que cresce entre birras e brincadeiras e se torna num amor sólido. Um amor para sempre. Um elo inquebrável.

A ti, meu irmão, desejo-te o melhor do mundo. Que a nossa união seja para sempre. Foste a melhor prenda que recebi. Ter um irmão é ter um companheiro de brincadeiras para toda a vida.

Parabéns mano! Gosto muito de ti❤








sexta-feira, 7 de junho de 2019

Ser mãe é (tão) difícil!

Pintam-nos a maternidade de cor de rosa, falam-nos do amor incondicional, do quão maravilhoso é ser mãe. Que ser mãe é a melhor coisa do mundo, que é fantástico, que não há sensação mais linda...

Ninguém nos fala do cenário "negro". Somos o cansaço, respiramos cansaço e andamos em modo Zombie.
O que tem de bom tem de difícil. As birras, os conflitos, as responsabilidades, as noites mal dormidas, a educação, o dinheiro... É difícil criar um filho, dar-lhe as asas para ele voar, traçar metas e caminhos, dar-lhe valores. 

É uma gestão emocional enorme. Vivemos com medo de falhar, de errar. Com uma culpa do tamanho do mundo. Somos o extremo. De um ataque de nervos à calma! Da pressa à lentidão! Do 8 ao 80! Somos o limite. 
Somos constantemente postas à prova. Pelos nossos filhos. Pelos familiares, amigos e pela sociedade em geral. O dedo é nos apontado diariamente. A perfeição é nos exigida.

Ufa!! É mesmo muito difícil ser mãe. 

Ninguém nos disse isso. Ninguém nos alertou para isto. Ninguém nos preparou para isto. Talvez porque estas dores são esquecidas por um simples sorriso do nosso filho!