domingo, 29 de julho de 2018

Testemunho Alexandra Costa

A Internet é óptima para partilhar histórias e conhecer novas pessoas e novas realidades.

Quando descobri o Lúpus não conhecia ninguém que sofresse da doença. Fui pesquisar na Internet e... foi tão bom encontrar alguém igual a nós!

A criação deste blog também serviu para encontrar pessoas com histórias incríveis. Alguém já comentou aqui: "as melhores histórias são as reais!" E é bem verdade!!!
"Isto" não é nenhum filme, nem uma novela. É uma história real!

A Alexandra Costa gostou da minha iniciativa e decidiu partilhar a sua história. Aos 21 anos vê a sua vida virada do avesso. 
De seguida, transcrevo as suas palavras publicadas no meu blog. Decidi publicar para todos que partilham desta doença verificarem que não estão sós, que não são únicos no mundo...(Por vezes sentimos isso).  Existem histórias inacreditáveis!!
A Alexandra relata a sua história. Uma história de coragem e de vitória. Ela diz e muito bem "a vida não é perfeita para ninguém, nenhum problema de saúde é fácil, mas acreditem, o Lúpus morre de medo de gente destemida!" 


Olá a todos 😊
O meu nome é Alexandra, tenho 34 anos e sou uma mulher do norte! Resolvi então contar a minha história (pela primeira vez), uma vez que me identifico muito com esta iniciativa da Elsa 😊
Tudo começou quando eu tinha 21 anos, e foi uma tremenda trapalhada. Vamos lá então:
Primeiro umas manchas no rosto (indolores) mas muito feias que depois de muito tratamento com medicamentos tópicos (prescritos pela médica de família para uma suposta alergia) lá passaram, pouco tempo de pois herpes em toda a zona dos lábios e queixo e volta ao médico e volta a colocar cremes mais um comprimidos e lá passou. Cerca de 2 meses depois uma dor súbita e terrível no pé esquerdo. Depois de 24h de muito mas mesmo muita dor no pé e tornozelo esquerdo decido ir ás urgências onde poucos exames me são feitos (raio x e analises básicas ao sangue) e tenho alta com diagnostico de mialgia e recomendação de anti-inflamatório e repouso, como lá me administraram uma injeção para as dores eu até que estava bem melhor por isso vim relaxada para casa e pronta para voltar a batalha (estava na faculdade e a trabalhar em simultâneo por isso tinha uma vida agitada). 1 semana depois as dores voltam e eu decido ir novamente à médica de família (vim embora com anti-inflamatório de novo e cortisona) e as dores tornaram-se mínimas logo eu foi suportando (infelizmente) mas cerca de 2 meses depois tinha o pé bastante escuro e pequenas ulceras na lateral exterior do mesmo, resolvi procurar ajuda no privado e assim que essa médica me viu deu-me o conselho de procurar um hospital publico pois tinha fortes suspeitas de que eu tivesse a circulação comprometida e aconselhou-me a parar com a cortisona. Parei e uma semana depois as dores eram terríveis, caminhava 5 metros e tinha de parar 20 minutos, um sofrimento tremendo até em repouso e nem dormir eu conseguia mais.
Finalmente decidi ir ás urgências de um hospital central (neste caso o São João no Porto), rapidamente me foi diagnosticada uma Trombose Arterial Periférica. Enviaram me para a consulta de medicina interna onde fiz imensos exames e consultas (iniciei logo uma medicação para o sangue e para a claudicação), depois foi submetida a uma angiografia c/ cirurgia onde me retiraram o coagulo que se encontrava na minha artéria junto ao tornozelo (3 dias sem me mexer internada no hospital) e o milagre acontece, pois quando começo a caminhar já não haviam dores nem limitações e lá vou eu para casa…2 semanas depois volto à consulta de medicina interna em que o médico me diz que o membro está bem e recuperado (que tive sorte de ter cicatrizado bem as ulceras e não ter sido necessário amputar o membro) e me dá o diagnostico de síndrome dos anticorpos anti-fosfolipídeos (SAF) ou síndrome de Hughes, é uma doença crônica em que a coagulação está afectada e coágulos podem aparecer em qualquer veia/artéria ou órgão do corpo causando danos muito graves. Apos me ter sido explicada a doença e os cuidados a ter com a mesma, foi me prescrito o tratamento que iria ter de realizar o resto da minha vida que neste caso alem de manter os medicamentos que já havia iniciado passaria também a fazer anticoagulantes (Varfine) e o controlo de sangue (medição do INR). Iniciei o tratamento direitinho, comecei a fazer o controlo de sangue mensalmente, mesmo na faculdade não bebia nem uma gota de qualquer bebida alcoólica / não fumava e tentava fazer exercício físico (sempre que possível no tempo livre que me restava entre os estudos e o trabalho). Rapidamente o meu sangue ficou controlado, toda a minha vida voltou ao normal e eu esqueci que tinha uma doença pois queria era viver e usufruir do meu tempo da melhor maneira (afinal de contas todos nós nascemos com o tempo contado). Terminei os estudos, comecei a trabalhar com sucesso e na minha aérea de licenciatura e tudo sempre controlado sem qualquer problema de saúde (apenas sentia um ligeiro aperto no peito quando eu e o meu namorado falávamos em ter filhos pois sabia que ai viria uma enorme batalha pela frente dado que o SAF e a gravidez não são nada compatíveis). Segui em frente de cabeça erguida e sorriso no rosto pois só assim faz sentido e assim passei 10 belíssimos anos 😊
Aos 32 anos, em Setembro de 2016, comecei a sentir muito cansaço (pensei que era o stress do momento pois estava com muito trabalho, a minha mãe tinha passado por uma situação de saúde muito delicada e eu tinha acabado de me separar), pouco depois começam as dores de cabeça e cólicas abdominais (resolvi falar com o medico que me segue na medicina interna e o diagnostico era nervos/ansiedade). Em Novembro surgem as dores insuportáveis nas articulações e a rigidez matinal, perante esta situação resolvi marcar consulta privada para Reumatologia. Chegada à consulta e após uma longa e produtiva conversa com a médica, foi medicada e prescreveu-me bastantes exames. Um mês depois volto ao consultório com todos os exames e a médica me deu o diagnostico – Lupus / LES. Eu não achei “piada” nenhuma sinceramente (mais uma doença p.f. já tinha que chegasse para mim), mas não havia nada a fazer era aceitar e aderir rapidamente aos cuidados e tratamentos necessários. Continuei com o medicamento das dores mais 1 mês ( e elas sumiram), acrescentei o plaquinol e o diazepam ao leque de medicamentos que já tomava diariamente, passei a ser seguida em reumatologia de 3 em 3 meses para controlo da actividade da doença (6 meses depois todos os sintomas estavam praticamente ausentes / só um pouco de cansaço por vezes) e 1 ano depois a doença estava controlada. Claro que mantenho as idas constantes ao medico e as medicações e os cuidados mil e etc etc etc…porque sei que tenho de me cuidar!
A minha vida com o LES mudou, ao contrario do SAF o LES obrigou-me a readaptar-me ao mundo. Inicialmente embora nunca me revolta-se, veio o medo muito medo de todas as coisas que lia e via sobre o LES e do que ele ia reservar para mim, depois decidi conhecer outras pessoas com o mesmo problema (umas me assustaram ainda mais – parecia que tudo lhes acontecia e que o LES era o fim do mundo / outras me fizeram perceber que mesmo com algumas dificuldades pelo caminho era possível ultrapassar e viver com qualidade, me deram esperança e me mostraram que é na luta que está o caminho certo). Resolvi então contar ás pessoas que me são verdadeiramente próximas para construir a minha rede de segurança e juntei-me a esses exemplos positivos de pessoas que dominam este lobo, e sabem o que fazem, para conseguir tirar duvidas, trocar experiências e receber reforço positivo sempre que o medo tomava conta de mim. Um muito obrigada a vocês!
As idas constantes para a praia e os dias esticada ao sol até ficar “negra” foram substituídos por pontuais idas à praia quando de férias e sempre carregada de proteção solar 50 +, de chapéu na cabeça e debaixo do guarda-sol (o protetor solar faz parte da minha rotina diária seja primavera, verão, outono ou inverno). Contudo passei a frequentar mais spas, massagens, fins de semanas nas capitais de belas cidades e etc (sempre tendo em consideração o equilíbrio entre esforço e descanso e sabendo obedecer ao meu corpo). Deixei de ir a discotecas ao fim de semana e deitar me quase de manha (necessito muito de respeitar os meus períodos de sono) mas passei a saborear ler um bom livro, seguir uma boa serie na tv, disfrutar de um cineminha e sobretudo rodear-me de uma boa companhia para um produtiva conversa. Percebi com tudo isto quem são os verdadeiros amigos/familiares e aproveito o máximo que posso com eles, desfrutando de bons momentos e enchendo-os com o meu amor, sendo que quanto mais dou mais recebo e quanto mais feliz me sinto mais saudável estou, descobrir seres humanos simplesmente fantásticos que estão comigo para tudo.
Continuei a ir ao ginásio mas troquei o Crossfit pelo Pilates e o Yoga, diminui de 5 idas para 3 por semana (para intervalar entre exercício e descanso), continuei com o meu trabalho e tento sempre me focar e organizar direitinho para ter sucesso, nos dias de extremo cansaço acho que posso abrandar sim mas parar não (parar ia me fazer sentir inútil por isso só mesmo na ultima, quando não aguentar mais, não quero desistir e alem disso tenho muitas contas para pagar pois hoje em dia a minha mãe depende de mim e a nossa casa só se mantém com o meu ordenado).
Hoje todos os dias me deito agradecendo a Deus por mais um dia de vida, de saúde, de amor e amizade, de trabalho, de luta e de superação…agradecendo e pedindo pelos meus, pelo meu lar, pelo pão de cada dia e pela caminha quente para me deitar e descansar…hoje sei que afinal tenho coisas demais a agradecer e que tenho uma vida mais “rica” que 50% da população mundial que de uma forma ou de outra tanto sofre. Rezo, agradeço e falo com Deus todos os dias, sempre tive muita fé mas hoje em dia ele é mesmo o meu melhor amigo.
Tenho dias 100% normais, outros dias de pequenas dores (principalmente no inverno), alturas de maior cansaço (tenho de ter cuidado com os exageros e as emoções), tenho meus momentos de tristeza também (ninguém é de ferro e deixar cair as vezes faz bem, para nos erguermos mais fortes e mais leves) e óbvio que não sei o que o futuro me reserva mas quero acreditar que serão coisas muito boas, entrego e confio vivendo um dia de cada vez sempre com muita esperança no coração. “Nem sempre como se quer, às vezes como se pode” mas sempre na luta por mim e pelos meus!
A vida não é perfeita para ninguém, nenhum problema de saúde é fácil, mas acreditem o LES morre de medo de gente destemida!
E esta é a minha longa e chata historia que nunca tinha partilhado alem do meu ciclo fechado com quem posso tudo, espero que vos ajude de alguma forma. Estamos juntos! Beijinhos ❤

Obrigada Alexandra pelo seu testemunho!!!

domingo, 22 de julho de 2018

CORTISONA: AMIGA OU INIMIGA?

Um dos medicamentos mais tomados para o tratamento do Lúpus é a cortisona! Que, infelizmente, tem muitos efeitos secundários.
Aquando da descoberta do Lúpus, a minha única preocupação era inchar. Ridículo não é??? Mas é a verdade... A doutora alertou-me e preparou-me... Eu fiquei imensamente triste! Nunca fui magra, e sempre fui muito complexada, ora por ser muito alta, ora por ser fortezinha... E agora??? Vou ficar gorda??? Socorro!!!! (era o que eu pensava)
Todos os dias me olhava para o espelho na esperança de isso não acontecer comigo. Mas aconteceu... Ao fim de uma semana o meu rosto já estava inchado... E tinha tanta fome... E pouco tempo depois eu tinha 30 kg a mais.
Já não bastava todas as limitações e ainda tinha 30 kg a mais. Foi terrível! A roupa não servia, não conhecia lojas que tivessem roupa para mim e quando encontrava era tudo muito "à velha". E as pessoas??? Ai as pessoas são tão más!! Ouvi tanta coisa...

Todos os dias de manhã chorava. O meu marido tentava me animar. "Incha, desincha e passa..." dizia ele... Mas eu estava mesmo triste! Mas mal saía de casa, tentava esquecer e sorria... Dizia a mim mesma: sou uma inchadinha bonita!!!!

Eu tive quase todos os efeitos secundários da Cortisona:
- ganho de peso (o corticoide faz com que a pessoa retenha liquido e aumento de apetite),
- rosto arredondado, tipo lua cheia (principal efeito que surge logo após começar a tomar),
- pele fina,
- estrias (eu fiquei cheia delas),
- fraqueza nos músculos e ossos,
- depósitos de gordura nos seios, rosto, costas e barriga,
- aumento da transpiração.
Ainda existem outros, mas estes foram os que senti mais.

Senti ódio daquele maldito comprimido! Uma revolta, uma amargura. A minha auto estima  tinha acabado ali.

Um certo dia, já eu estava mega inchada, cheguei a casa e retirei toda a roupa  que não servia. Assim não me martirizava! Porque fazer isso a mim própria???? E fiquei com dois pares de leggins e quatro camisolas.... Enfim, era o que tinha para vestir. Nem a minha roupa de grávida me servia. A partir daquele momento eu tinha que aprender a viver com uma doença e com mais 30 kg.
Foi difícil, é difícil... Não deixava que me tirassem fotografias, não ia a locais que tivessem muita gente conhecida...

CORTISONA: AMIGA OU INIMIGA?? É um pau de dois bicos. Odeio-a pelo que me fez, pela alteração estética que passei, mas adoro-a pois só com ela é que consigo andar bem e ter uma vida praticamente normal.

Temos que aceitar a realidade tal como ela e não vivermos presos ao passado. 
Em frente é o caminho!

Internamento aquando da descoberta do Lúpus
Após a Trombose Venosa Profunda
Das poucas fotos que tenho do inicio do tratamento
Com 60 mg de cortisona

terça-feira, 17 de julho de 2018

O que é o Lúpus???

AFINAL O QUE É O LÚPUS??
Quando soube o que tinha, não fazia ideia o que seria. Não conhecia ninguém que tivesse a mesma doença. Fiz muitas pesquisas, perguntei a médicos (gosto de estar informada). Aqui está um resumo para poder explicar o que é o lúpus, a causas e as consequências...

O QUE É O LÚPUS?
O Lúpus é uma doença autoimune, em que o sistema imune, que normalmente protege o nosso organismo, se vira contra si próprio e o ataca, provocando inflamação e alteração da função do sistema afetado. A inflamação provoca dor, calor, vermelhidão e inchaço.
A palavra lúpus significa lobo em Latim. Este nome foi dado à doença devido às lesões na pele que são muito comuns no lúpus.
Não existe causa conhecida de lúpus e não existe cura para esta doença. O lúpus é uma doença crónica, ainda que existam fases em que a doença se encontre "adormecida" e fases de surto, em que a doença está reativa.
Esta doença pode afetar muitos órgãos e sistemas diferentes e podem existir formas muito diversas da doença. De facto, os sintomas variam de doente para doente e até, no mesmo doente, de período para período. Não é fácil identificar um caso de lúpus.
O lúpus pode afetar qualquer pessoa, mas sobretudo a população feminina (90% dos doentes são mulheres). 

Sinais e sintomas
  • Manchas vermelhas na pele (rosto – por vezes em forma de borboleta em todo o nariz e bochechas – e no pescoço ou braços);
  • Sensibilidade à luz solar;
  • Dor nas articulações;
  • Feridas na boca;
  • Fadiga e fraqueza;
  • Perda de apetite;
  • Perda de cabelo;
  • Complicações renais e do sistema nervoso.

Quais as diferentes formas de Lúpus?

  • Lúpus sistémico, doença mais generalizada, que pode afetar qualquer órgão ou sistema do corpo;
  • Lúpus discóide, que é uma forma de lúpus limitada à pele que pode, por vezes, evoluir para lúpus sistémico.

Quais as causas do Lúpus?

Não existe ainda uma causa conhecida para o lúpus, exceto para as raras formas que são causadas pela ingestão de fármacos específicos. O lúpus está relacionado com condições que dão origem a uma certa predisposição para a doença. Estas causas ou fatores podem ser de ordem genética, hormonal ou ambiental.
Os fatores precipitantes são situações que fazem com que a doença se manifeste sob a forma de sintomas e sinais evidentes.
Estes fatores podem ser internos, como o stress físico, cansaço excessivo, infecções, privação de sono, traumatismos, gravidez, ou externos, como a luz solar ou artificial e o stress emocional.

Como se diagnostica o Lúpus?

O diagnóstico de lúpus baseia-se em elementos clínicos e laboratoriais. Os testes laboratoriais, só por si, não são suficientes para o diagnóstico. No entanto, em conjunto com os sintomas referidos pelo doente e os sinais observados pelo médico, são muito úteis.
Nalguns casos o diagnóstico é difícil porque os dados clínicos nesse momento não são suficientes para fazer um diagnóstico. Por outro lado, como se referiu, o lúpus tem formas de apresentação muito variadas, facto que também pode dificultar o diagnóstico.
Assim, esse diagnóstico irá depender da combinação dos elementos clínicos e laboratoriais (sangue e urina).


Fontes:
https://www.saudecuf.pt
https://lifestyle.sapo.pt/saude

quinta-feira, 12 de julho de 2018

LÚPUS- O caminho até à descoberta! Parte III

Pensava que o intervalo já tinha acabado. Mas não!...

Depois de saber que tinha sofrido uma Trombose Venosa Profunda e, pensando que iria voltar tudo ao normal, e que simplesmente tinha sido uma fase má na minha vida, em finais de Maio de 2016 (quase três meses depois) começou a doer a perna direita (novamente). Consoante andava, a perna prendia. Era uma dor que vinha da virilha e prolongava-se pela coxa até ao joelho. Estranhei! Mas ignorei...
No dia seguinte, já me doendo muito, volto ao hospital de Penafiel (fui sempre muito bem tratada) Posso dizer que estive lá horas... A doutora examinou... fiz análises... e chegou à conclusão que se tratava de uma dor muscular. Aconselhou-me a ter repouso absoluto durante uma semana...
E tudo volta novamente... Volto para casa dos meus pais pois tinha a pequenina para cuidar e eu não conseguia fazer quase nada. O meu marido tinha que trabalhar, e a minha mãe como estava por casa ajudava-nos.

Dores insuportáveis... ora calor... ora muito frio... febre! Ligo para o 112 e mais uma vez vou de ambulância para o hospital. Deixo em casa a minha bebé, toda a família preocupada e um pai muito choroso! Estive 27h em urgência! O meu marido não demonstrava a extrema preocupação e cansaço que sentia. Esteve sempre ao meu lado... Ele é que me dava forças a brincar sempre com a situação (sou uma sortuda, tenho o melhor marido do mundo)

27h sem saber de nada... 27 à espera... 27h de dores... Fui para o hospital de S. João. Fui vista por um médico, fiz um exame e disse que não se tratava de outra trombose. Volto para Penafiel! Antes disto, aquando da ordem para ir ao hospital de S. João, eu perguntei ao médico: "vou ficar internada?". O doutor respondeu: "Se eles não a internarem, eu mesmo a interno!". Eu já sabia que não voltava para casa...

Meu Deus, tudo de novo??? 

E assim foi, fiquei internada. Durante duas semanas!
Não tinham camas disponíveis nos quartos. Fiquei no corredor. Digo que foram os piores dias da minha vida! Era um turbilhão de emoções! Estava num corredor, não sabia o que tinha, estava longe da minha filha, tinha muitas dores, não tinha posição e estava completamente dependente. Não ia à casa de banho sozinha, não tomava banho sozinha... Não consegui dormir nada (as dores não deixavam).

Chorei... Chorei muito...

Passou um dia, dois dias, três dias e não se sabia de nada! A médica, Dra. Natália Oliveira (foi incansável e fantástica)que me seguia e acompanhava, virou-me do avesso! Fiz mil e um exame ! Entretanto vou para o quarto (até que enfim!). E eis que chega o dia!!!
Pela manhã, entre a Dra. Natália no quarto e senta-se à minha beira. Disse-me: "Sou eu que lhe vou contar e explicar o que a Elsa tem, não quero que vá para a internet (sim, eu tinha um dispositivo móvel de Internet comigo) tentar saber. A Elsa tem Lúpus". Eu, muito atenta, ouvi todas as explicações. 
Afinal eu tinha Lúpus com SAF ( síndrome dos anticorpos anti-fosfolipídeos ).

Na minha cabeça só ficou: "A Elsa vai tomar cortisona. Tem que se preparar pois provavelmente irá inchar bastante , mas tem que ser, será para o seu bem". 

Chorei... Não por ter Lúpus, uma doença para toda a vida, mas sim porque ia inchar. É muito feio dizer/escrever isto, mas era o que sentia naquele momento...
E inchei... muito... foram 30kg no total!
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domingo, 8 de julho de 2018

LÚPUS- O caminho até à descoberta! Parte II

E agora??? 

TROMBOSE VENOSA PROFUNDA, o que é isto??? "Vai ficar internada por tempo indeterminado" disseram-me... E, eu não percebi nada!!!!

O meu marido foi-se embora e eu senti-me completamente abandonada, mas completamente à nora e ansiosa por pegar no telemóvel para pesquisar na Internet (o que não se deve fazer mas todos fazem) o que significava ter uma TVP. Nesse mesmo instante, um enfermeiro muito simpático dirigiu-se a mim e acalmou-me: "vai correr tudo bem, descanse!"
Não dormi... mas não chorei... Estava em choque! Não sabia o que pensar. Só pensava na minha filha, tão pequenina e eu assim sem poder fazer nada. E o meu trabalho?? Como vai ser?? 
No dia seguinte fui submetida  vários exames. Chorei. Aí chorei muito em frente a uma médica, super querida. Nem me lembro do rosto nem do nome dela. Estava em pânico e nem sabia bem o porquê, mas aquela situação deixou-me transtornada! (Não era de esperar outra coisa)
Entretanto, já mais calma, ainda nas urgências (sala de obs) deram-me alta! Aí pensei: "Estão loucos?!, então vou ficar internada, dizem que é grave e já tenho alta?!". Mas lá guardei os pensamentos para mim. Ouvi o que o médico me explicava que tinha a fazer nos próximos dias. Comecei a fazer o controlo de sangue. Tinha que "espetar" uma seringa todos os dias na minha barriga. Não consegui. Brincaram comigo por ser uma simples tarefa mas eu não consegui. O meu marido ria-se mas foi ele que tratou desse assunto.

Vim embora... meia aparvalhada... Custava-me muito andar... tinha algumas dores mas comparando com a dor dos últimos dias não era nada. Olhei para a minha pequenina e ainda bem que era tão pequenina. Não se apercebia o que acontecia à volta dela.

 Que SAUDADES eu tinha dela!!

 Só passei uma noite em casa. No dia seguinte estava com as mesmas dores e com a perna direita tão inchada. Fui novamente para o hospital e desta vez, sem margens para dúvidas, internaram-me!
3 de MARÇO DE 2016! A Ana Rita fazia 3 meses! E eu tive que ficar num hospital longe dela... uma dor tão grande. Até me esquecia das dores físicas e das limitações que tinha. Foi muito difícil! A dor era muito maior, uma tortura! 
Uma semana longe dela, uma semana longe de tudo e de todos... Sentia o carinho das pessoas. Mas a tristeza era ENORME!

Até que chega o dia da ALTA!
O médico indica-me que tinha que encarar aquela situação como um intervalo na minha vida. É fácil falar...

AÍ COMEÇOU A MINHA NOVA VIDA! Tinha uma perna mais inchada 4 cm. As meias de compressão faziam parte do meu guarda roupa (ainda fazem e farão para toda a vida), as sapatilhas passaram a ser o meu calçado favorito (que sorte estarem super na moda) e as calças de ganga que eu tanto gostava ficaram encostadas para talvez um dia as vestir. E... um mês depois, apesar das limitações, voltei à minha rotina. Tinha marido e uma filha de 3 meses para cuidar. Muitas clientes para atender. Muitas contas para pagar.
Pensava que o intervalo já tinha acabado e que em breve voltaria tudo ao normal!

Mas NÃO...

quinta-feira, 5 de julho de 2018

LÚPUS- O caminho até à descoberta! Parte I

Muitas pessoas me perguntam como descobri a doença e eu respondo: o caminho foi longo! O Lúpus é uma doença muito difícil de descobrir, uma vez que tem formas de apresentação muito variadas.

Em 2015 descubro que estou grávida e aí começa a minha aventura! A minha grande AVENTURA!
Depois da Ana Rita nascer (o pós parto foi horrível) três semanas depois voltei ao trabalho. A muito custo mas teve que ser (as clientes não esperam). 

Tudo começou com uma dor no fundo das costas, que, eu ignorei completamente. Julguei que se devia ao facto de estar muito tempo sentada e de não ter repouso, dado o complicado pós parto.
Essas mesmas dores tornaram-se mais agudas,e eu ia tomando Voltaren para abrandar, até que chegou ao ponto de não aguentar. Então aí teve que ser, fui para o hospital. E foram necessárias CINCO idas ao hospital! Inicialmente era uma dor ciática, depois uma cólica renal e medicação para cá, medicação para lá e nada... A dor cada vez era maior e completamente insuportável.
Na quinta ida estava desesperada! Eu não aguentava mais! Recordo-me de me darem uma cadeira de rodas e eu chorava... chorava de dores... Pedi por favor, implorei que me tirassem aquela dor. E... bendita morfina que me deram! Instantes depois eu estava como nova! 
Tudo apontava para uma pedra no rim. Mas como já tinha tomado tanta coisa, a médica de serviço decidiu que deveria de fazer uma TAC (Tomografia Axial Computorizada). Estive cinco horas à espera do resultado. Eu estava sem dores, mas com tanta fome e com tanto sono. O meu marido estava dominado pelo cansaço e dormia... (os últimos dias tinham sido uma verdadeira loucura).
5:00h da manhã, estávamos sozinhos na sala de espera e eis que alguém chama por mim. Estremeci! Mas pensei: finalmente! Vou-me embora! O sr. enfermeiro pediu-me para deitar na maca e eu indiquei que estava bem e que não tinha dores. Ele refutou: "deite-se, os médicos querem falar consigo". Eu fiquei sem reacção mas lá fiz o que me pediu. 
Levou-me para a sala de observações e tinha a "equipa" à minha espera. E aí, soube que tinha uma TVP (Trombose Venosa Profunda) e que iria ficar internada por tempo indeterminado... 

E agora???!!!.............

domingo, 1 de julho de 2018

Ai que 31 que arranjei!

Ai que 31!!
Uma expressão bastante conhecida... quantas vezes, no nosso dia a dia dizemos esta expressão???
Porquê este título para o meu blog? Primeiro porque tenho 31 anos e porque há dois anos que arranjei um 31 dos diabos! Descobri que tinha uma doença crónica que mudou a minha vida. Mudou a minha postura perante a vida! Mudou tanta coisa...
Muitas vezes, quando contava a minha história,  na brincadeira dizia que iria escrever um livro ou então criar um blog. Pronto, comecei pelo blog (ahahah).
Várias pessoas me incentivaram... sempre a brincar. Agora é a sério,  criei um blog! Posso ser uma simples desconhecida, mas a minha história pode-se identificar com muitas outras! Aqui partilharei histórias , vivências , experiências,  sentimentos ...
Ai que 31... vamos ver... Vou-me aventurar nestas "coisas" modernas!
Elsa Lopes