domingo, 29 de dezembro de 2019

Fim de ano - pensamentos


O fim de ano aproxima-se. E até custa a acreditar que faltam apenas dois dias!!! Como assim??? Ainda ontem estávamos de férias em Agosto, e Janeiro já nos está a bater à porta.
Hoje dei por mim a pensar o que fiz este ano, o que ficou por fazer, os objectivos para o próximo ano, etc etc... gosto de fazer sempre esta retrospectiva no tempo. E sobretudo pensar na forma como o tempo nos molda. Como a vida nos transforma e nos muda. Muda de rumo, de amigos, de objectivos, de tanta coisa que tudo o que se planeia por vezes vai por água abaixo.
Desde que fiquei doente, que os planos para mim cheiram a medo, a escuridão, a ansiedade. Porque nada na minha vida foi planeado. Fui sabendo receber e adaptar-me ao que a vida me trouxe.
Talvez seja esta a melhor forma de viver. Não planear muito. 
Mas por outro lado planear é importante. Traçar objectivos pessoais e profissionais é o que nos faz manter vivos e querer mais, é estarmos activos na vida. 
No entanto, é importante saber viver o dia de hoje. O agora. É de extrema importância saber traçar novos rumos, digamos que sub-planos (se é que me entendem) quando a VIDA nos troca os caminhos.

Sigo a minha caminhada a sonhar... Mas conscientemente preparada para o que vier, seja bom ou seja mau. 
Aprendi que temos que viver um dia de cada vez, e esforçarmo-nos ao máximo para ultrapassar todas as adversidades que nos são colocadas.
O importante, como se costuma dizer, é ter saúde. Porque a falta dela, e isso digo com a maior certeza, traz muitos problemas. 
Se já tivermos saúde, o resto?? O resto vem por acréscimo!!

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Menino Jesus vs Pai Natal


Esta semana, a minha filha de 4 anos, diz-me:
- mãe, tu dizes que é ao menino Jesus que tenho que pedir as prendas, mas eu na escola fiz uma carta ao pai Natal! Quem traz os presentes? 

Pois é, que verdade! Para ela contraditória. 

Alimentamos o pai Natal, a ideia fantasiosa de um velhinho de barbas brancas que vive no polo de norte e que se desloca de trenó conduzido pelas suas renas. Trata-se de uma figura querida do nosso imaginário, fruto de uma publicidade que durante estes anos tem feito as delícias dos miúdos e graúdos.
Até aqui tudo bem! 
Mas o que realmente tem acontecido??? Será mesmo só isso??? Será mesmo só essa magia???

Não... infelizmente não... contra mim falo até porque me aproveito dessa figura do pai Natal. "Se te portares mal o pai Natal não te traz as prendas", "olha que o Pai Natal está a ver!", expressões estas que andam na minha boca desde o início desta época natalícia.
Com isto, o verdadeiro espírito do Natal termina.
E qual é o verdadeiro espírito??

Dei por mim a pensar no consumismo exacerbado desta altura. Da azáfama, da correria, das filas nas lojas...
E dei por mim a pensar no Natal quando eu era pequenina. Recordo -me do meu avô ir buscar o Pinheiro ao monte, de irmos buscar musgo e juntos construir um presépio. Com pedrinhas construímos os obstáculos da caminhada dos pastores e reis magos. Colocavamos as luzinhas e a cabana. "Mas o menino Jesus não pode estar porque ainda não nasceu", dizia-me a minha avó. E vivia aquela quadra, com a esperança do que o menino Jesus ia trazer.
Na noite de Natal, deixava o sapatinho, e de manhã bem cedo corria até ao local para me deliciar com a oferenda... 
"Só podes pedir uma prendinha, porque o menino Jesus é pobrezinho!"
E assim foram criadas as minhas raízes. Obviamente que também havia o pai Natal, mas era saudável a relação que tinha com o menino Jesus. O pai Natal era só um intermediário aos pedidos do menino Jesus.
Era tão diferente, tão mágico, tão fantástico!

Só espero que a minha filha viva o mesmo e que não se estrague no meio deste mimo e consumismo.
E explico-lhe o verdadeiro sentido do Natal (ou tento) e conto-lhe a história do menino que nasceu, há 2019 anos, numa manjedoura sem nada. Quanto ao pai Natal??? Digo-lhe que é um senhor muito simpático com as crianças que ajuda o menino Jesus. 
- Mãe porque o menino Jesus dá presentes??? 
Porque o melhor presente é a vida, é a luz, é dar-se, é família, é estar presente, é amor... E é sobre o amor que esse menino nos veio ensinar!!!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Cortisona: uma relação de amor/ódio!


Sonhei com o desmame. Ansiei pela chegada do dia. Aguardei com muita paciência a chegada da altura que me veria livre da cortisona.
Eis que é chegado a altura e as coisas não correm bem. Pelo menos não correm como eu esperaria .
Tanto tempo à espera para isto??

Tonturas e tremores marcaram estes últimos dois dias. Sintomas estes que me assustaram. Que me atiraram para o sofá. Que me atiraram para um fundo de onde eu já saí. 
Trouxeram o medo!
O que é isto? O que está a acontecer comigo??? Eu não consigo fazer nada...
Fui obrigada a cancelar o meu trabalho. 
Fui obrigada a respirar fundo e a procurar ajuda. 
"Calma! Calma que é normal!"

Normal?? Mas o normal é isto???

Esta relação de amor ódio que sempre tive com o corticoide ainda veio mais se acentuar. Se por um lado gostaria de me ver livre dela, por outro o meu corpo ressacava pela falta dela. 
Este desmame terá que ficar para outra altura. Uma altura em que possa descansar, parar, acalmar.
Não é agora. Afinal não é quando se quer. É quando se pode.

No meio disto tudo, só me veio trazer mais medos. Mais insegurança. Mais dúvidas.
O que vai ser de mim depois da cortisona?? Serei capaz de aguentar "sozinha" as dores sem a sua ajuda??? 

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Dia de todos os Santos: a morte e o cemitério!

Com o avançar da idade, começo a olhar para este dia com outros olhos. Para além de toda a vaidade e excentricidade que também caracterizam este dia, o dia de todos os Santos que antecede o dia dos fiéis defuntos, é dedicado a homenagear todos os que já partiram...

Há uns atrás, tinha eu 12 anos perdi a minha avó paterna. Uma avó querida que brindou a minha infância com uma doçura contagiante . Após um ano perdi o meu padrinho, uma pessoa muito especial. Convivi de perto a dor da minha madrinha e o conforto que lhe trazia nas visitas ao cemitério. Acompanhei-a sempre sem perguntas. Durante anos, não entendia a sua "obsessão " pelo cemitério, pelo embelezamento por vezes exagerado, pelo seu extremo cuidado e atenção. Simplesmente sabia que aquilo lhe fazia bem, lhe trazia paz ao seu coração tão atribulado e matava um pouco a saudade. Lá, ela sentia -se mais perto dele!

Já adulta, com 24 anos perco o meu avô paterno. Foi duro! Depois daquelas mortes que marcaram a minha pré adolescência, é a primeira vez que sofria uma morte "a sério"! Já não existiam paninhos quentes, a realidade é assim: as pessoas nascem e sabem que vão morrer. É a realidade nua e crua! É saber que a partir daquele momento a pessoa parte e só permanecerá na nossa memória e no nosso coração.

Em 2016, perco o meu avô materno. O meu pai de criação, o meu encarregado de educação. E aí com uma idade e vida diferentes, com uma experiência de vida muito maior, perco um pouco da minha vida. A pessoa que me criou, que me educou, que me acompanhou, partia... E aí sim, o cemitério começou a ser diferente para mim... Já não era visto como um lugar para mortos, mas sim como o local onde estavam os meus. As pessoas que fizeram parte da minha vida. Que me viram crescer e que ajudaram a crescer.

No final do ano passado perco o meu tio e primo numa tragédia. Um acidente leva pai e filho. É daquelas coincidências que não conseguimos perceber porque acontecem. É difícil aceitar.

Este ano, em Março sou confrontada com um cancro terminal do meu sogro. O acompanhamento, o apoio naquele caminhar para a morte foi doloroso. E ainda mais doloroso porque tráz à memória coisas antigas. 19 anos separaram as histórias do meu sogro e do meu padrinho, mas a dor é repetível e inconfundível. Simplesmente com um pensar diferente. 

Agora quando vou ao cemitério visitá-los, falo com eles, como fazia e faz a minha madrinha, porque lá estou mais perto deles. Porque só não estou com eles fisicamente! 

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Lúpus- viver com dor!

A dor é algo que não se consegue explicar. A tolerância à dor varia de pessoa para pessoa. 
Em todas as consultas que tenho, pedem-me para numa escala de 0 a 10 classificar a minha dor. É um pouco difícil acreditar nessa escala... O que para mim pode ser dor 5 para outra pessoa pode ser dor 10 (ou vice versa).

Eu não consigo explicar muito bem o que sinto. É uma dor estranha. 
Faz parte do meu dia a dia. E com ela aprendi a viver!

- Estás bem?
- sim estou.
- mas não tens dores?
- sim tenho.
- e estás bem?
- sim. Habituei-me a estar com dor.

Fico alarmada quando existe uma dor nova, algo que seja incapacitante, que seja completamente doloroso. Eu aprendi a ouvir o meu corpo. A dizer PÁRA quando não aguenta mais. A dizer NÃO a muitas coisas. 
Entendo que tenho limitações. Limitações estas que me impedem de ter uma vida normal.

Como é a tua dor diária???

- sabes quando vais ao ginásio pela primeira vez, e no dia seguinte mal consegues mexer porque estás com dor??? É assim que me sinto todos os dias.
- sabes quando estás com gripe e sentes o teu corpo todo dorido?.? Geralmente eu estou assim todos os dias...

O aprender a lidar com a doença, não passa só pela aceitação. Passa também pelo habituar à nova condição, às dores, aos medicamentos, às limitações... e isso é que custa. Isso é que dói. Isso é que me faz ir abaixo. As limitações físicas são muitas, bem mais que o que demonstro... 

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Persistir*


Nesta vida cheia de obstáculos, de vicissitudes, de mudanças, a persistência torna-se na maior qualidade do ser humano.

Ser focado, nunca desistir, levantar a cabeça e seguir em frente é a melhor forma de demover todos os sentimentos maus que nos inundam. 

A aceitação é a palavra chave! 

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

(Re) Começar!

A vida corre a um ritmo alucinante. O tempo voa. A vida é um instante. 
Reparo o tempo a passar com o crescimento da minha filha... É nela que verifico essa pressa. Ainda ontem estava na minha barriga e hoje já vai novamente para a escola.

Hoje inicia mais uma etapa. A minha menina que diz que já é crescida, de ainda 3 anos mas quase a fazer 4, hoje acordou ansiosa. Uma alegria e uma boa disposição incrível que contrastava com a insegurança e com o medo. A vontade de ir brincar com os amiguinhos era contraditória à vontade de ficar com a mãe.

Eu olho e vivo estes momentos com mais ansiedade do que ela. Vibramos juntas. Este voar que por vezes é assustador, delicia-me. Esta autonomia que demonstra deixa-me orgulhosa. Esta alegria deixa-me feliz... 

- Mãe tu quando eras pequenina choraste para ir para a escola?"
- Sim filha, chorei muito. 
- Porquê?
- Porque eu tinha medo e queria a minha mãe e a minha avó. 
- é como eu mãe.
- mas gostavas da escola.
- sim filha, adorava.


E hoje, filha és tu que vais com medo neste recomeçar. E hoje, eu sou mãe, e mesmo com o mesmo medo de criança eu dou-te a mão. Mas agora sou eu que digo também: Voa filha! 






terça-feira, 13 de agosto de 2019

Pelos caminhos de Portugal - Hotel Vale do Rio (Oliveira de Azeméis)

Todas as pessoas deviam de ter a oportunidade de irem de férias. Este ano decidi marcar com alguma antecedência (que não é habitual).
Na minha escolha do destino pesaram alguns fatores. Não gosto de calor. Não gosto de sol. Para além não gostar e não me dar bem com o sol, tenho que o evitar ao máximo. Gosto de calma e sossego. Não gosto muito de praia. 

Conheci o hotel através do Instagram e susciptou-me bastante interesse.

E ainda bem que fiz a reserva porque ADOREI.
Trata-se de um hotel rural e spa 4 estrelas. Uma piscina coberta fez as nossas delícias, principalmente porque choveu quase a semana toda. Para quem tem filhos, existe um pequeno parque infantil. Este parque foi destino obrigatório para a minha pequena que se deliciou com o escorrega!





No hotel podemos encontrar o restaurante Hídrica do Caima. Fomos em regime de meia pensão e todos os jantares experimentamos uma especialidade diferente. Gostei de tudo. Desde a sopa à sobremesa, tudo era excelente!!!





Para além destas maravilhas, o hotel disponibiliza uma biblioteca, onde podemos agradavelmente sentarmo-nos para ler um livro. Ou então, jogar bilhar ou xadrez. 
O bar foi local obrigatório para nos sentarmos a beber um sumo ou um café a ver televisão!


A simpatia de todos os colaboradores foi a cereja em cima do bolo das nossas férias.

O verde da natureza, o rio, o sossego, a calma daquele local fizeram que as nossas férias fossem maravilhosas!! 





A repetir sem dúvida!

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Vive!

Vive. Sê feliz. Procura algo que te deixa feliz. Corre atrás dos teus sonhos, luta pelos teus objectivos. Ri. Ri muito. Da gargalhadas para que se ouça do outro lado da rua.

Vive. Trabalha. Esforça-te. Alegra-te com o teu sucesso. Não desanimes com os fracassos. Esses que sejam o teu maior estímulo.

Vive. Sê amigo. Sê companheiro. Sê solidário. Sê compreensivo. Aproveita os bons momentos que os amigos proporcionam. Eles são a família que conseguiste escolher.

Vive. Faz o teu ninho. A tua família. O teu Porto Seguro. Será a eles que sempre voltas. Será a eles que voltas ao final do dia cheia de novidades para dar. É no colo da família que rimos e choramos. É a família que nos acolhe, que nos acarinha, que nos motiva, que nos dá força!

Vive! Anima-te! Faz por isso! Sorri! Ri!


segunda-feira, 15 de julho de 2019

O trabalho como forma de escape e terapia!

O lúpus, ou outra qualquer doença crónica traz um grande impacto na vida do doente. Muda a sua vida. Quer familiar, quer social. 
E o trabalho onde fica no meio disto tudo???
Na maior parte das vezes, o doente não consegue exercer as suas funções encontrando-se de baixa médica. Em muitas das situações, tem que alterar o serviço. Noutros casos mais gravosos, terá mesmo direito à reforma por incapacidade.

Eu considero-me uma sortuda neste assunto. Devo parte da minha recuperação ao meu trabalho. Este tornou-se no meu maior aliado e escape. Foi o meu melhor tratamento! 

No dia da alta, perguntei se podia trabalhar. Pediram-me calma!

Como poderia ter calma?? Eu tinha tantos compromissos. Mas o maior compromisso que tinha era com o cliente. O meu trabalho era isso. Servir o cliente. E quanto mais longe estivesse, mais "esquecida" seria.
Sou esteticista e tinha o gabinete encerrado no mês de junho, no auge do trabalho. Verão, casamentos, noivas, festas... tive que desmarcar tudo!

Umas clientes entenderam. Outras não. Isso é como tudo na vida. 

Apesar da calma que me pediram, e que eu fui obrigada a obedecer, o repouso tornou-se no meu maior inimigo. Passava os dias a pensar, a deprimir, a chorar pela minha nova vida, pela minha nova condição. É muito fácil "apanhar" uma depressão nestas situações.
Felizmente tenho comigo pessoas incríveis que me ajudaram a levantar a cabeça, mas o principal é que tive força para enfrentar o problema. Tive força para o mudar. 
E uma semana depois, contra tudo e contra todos, comecei a trabalhar. Obviamente que trabalhando por conta própria foi mais fácil recomeçar. Eu só fazia o que conseguia fazer. Contratei na altura uma funcionária para me ajudar e para me complementar... 

Não foi fácil mas foi maravilhoso! O sentir me útil, capaz e ocupada ultrapassou todas as minhas limitações e fez-me esquecer um pouco que a minha vida de há uns meses atrás eu nunca mais a teria! 

O trabalho tornou-se então o meu melhor tratamento, um trabalho que não dá trabalho, que me trouxe alegrias e realização.
E quem convive comigo sabe disso, sabe que as minhas clientes são como família, e que aquele espaço é a minha segunda casa. Que por vezes torna-se na minha casa principal!!!

segunda-feira, 1 de julho de 2019

1 ano de BLOG!

1 ano se passou... Faz hoje 1 ano que iniciei este projecto!
Este meu " ai que 31" foi crescendo lentamente como uma criança, e hoje já anda😁 sempre com vocês por perto!
Obrigada a todos que estão aí, que me seguem, que comentam, que gostam. Obrigada pelo vosso carinho e sobretudo pela vossa amizade e atenção! 
Que este seja o primeiro de muitos!

Parabéns Blog!😁😜


domingo, 30 de junho de 2019

90 anos da minha avó! Parabéns!

A minha avó faz 90 anos!!! Parabéns querida avó! E vamos festejar. Aos 90. A ela. Ao seu gosto pelas festas. À sua alegria. À sua boa disposição. 

A matriarca da família, agora já mais debilitada pela saúde e pela idade, sempre gostou de festejar. De alegrar. De cantar os parabéns de todas as formas que existem. De brincar. De tirar fotografias. No fundo, sempre gostou de viver alegremente a vida. 

Já sofreu muito, conta-me. Já passou fome. Viveu tempos difíceis. Teve 12 filhos, todos seguidos. Chorou muito e trabalhou muito. Fala-me da tristeza que sentiu quando o meu avô andava por lá, referindo-se ao estrangeiro, descreve cada gota de suor do meu avô na construção da casa , relata todos os momentos de amargura que já passou. Mas todos eles foram vividos com um grande amor: o meu avô! 
Hoje chora com saudades dele! Sente a sua falta. Senta falta da sua companhia, carinho e dedicação. 
Continua os seus dias com a dedicação dos filhos. Com o carinho de toda a família.

Eu faço parte dos seus 27 netos. Eu tive a sorte de a ter como segunda mãe. Foi ela que me ensinou a comer de faca e garfo, foi ela que me vestia para ir para a escola, foi ela que me penteou, foi ela que me ensinou a rezar... e foi por ela que chorei todos os dias por não querer ir para a escola.

Recordo do cuidado que tinha para comigo, dos penteados sempre diferentes que me fazia, do leite com trigo velho para o aproveitar, do assado ao almoço quando não tinha aulas de tarde, das roupas feitas pela costureira Mirita, da pasta dos dentes na escova já colocada para não me atrasar, do bolo de canela , das broas de batata, do arroz de bacalhau que mais ninguém sabe fazer igual, do arroz na forma do pudim para ficar bonito, da decoração da mesa, dos retratos de todos os netos em cima da cómoda, dos lenços, do porta moedas a combinar com a mala.... Enfim tanta coisa que me fazem lembrar a minha avó. Lembrar da minha infância é lembrar da minha avó.

De todas as formas de amor que existem, o amor dos avós é de uma doçura indescritível! Que sorte a minha por ter esta avó que tão bem cuidou de mim. E mesmo agora que a saúde por vezes a condiciona, eu sei bem que tenho um lugar bem especial no seu coração, como ela preenche o meu com ternura, doçura e muito amor!


segunda-feira, 17 de junho de 2019

A felicidade de poder dar colo!

3 anos separam estas fotos. Muita coisa mudou mas o colinho continua! Por mais que passem os anos o colo de uma mãe estará sempre disponível.
3 anos... parece que foi ontem... 3 anos depois já sem cadeira de rodas nem cateteres,  já sem internamentos e ausências, já com diagnóstico correto e com tratamento adequado, continuamos aqui firmes na esperança que não volte a acontecer... 

Há 3 anos atrás, passava pelo momento mais doloroso que tive até hoje... ninguém imagina a dor. 
A frustação, a desilusão, a tristeza e o medo faziam parte de mim.  De todas as dores, a maior era por não conseguir e estar impedida de acompanhar o crescimento da minha filha... 

Foi difícil! 

Hoje superei tudo. Lido muito bem com toda a problemática que a doença me trouxe: as idas constantes ao hospital,  a medicação, os inchaços, as estrias, e sobretudo o peso de carregar uma doença crónica. O que mais me custa "engolir" e esquecer foram os momentos que eu perdi com a minha filha. Os banhos que não lhe dei, o colo que nem sempre consegui dar, a força que uma mãe tem que ter eu nem sempre a tive... isso jamais vou conseguir esquecer.

3 anos depois, aparentemente melhor, com todas as cicatrizes espalhadas pelo meu corpo, uma coisa a doença não me tirou:  O poder de dar colo!



domingo, 16 de junho de 2019

Cair na realidade!

O tempo vai passando e cada vez mais tomo conta das limitações... vai-me mostrando que afinal não é assim tão simples conviver com a doença, que afinal ela trouxe mais complicações que eu pensava.

Por vezes, melhor dizendo, muitas vezes, é difícil para mim acreditar que isto não terá uma reviravolta. É difícil acreditar que isto será para sempre.

Olho para trás com saudade. Olho para trás e penso nos meus objectivos, nos meus sonhos, na minha vida. Como ela mudou! Como eu mudei. Coisas que eram tão simples e que agora são tão complicadas. 

O aceitar da nova realidade é o mais difícil. É o que mais afecta, é o que mais magoa.
O tomar consciência das minhas dificuldades é o meu maior dilema, o meu grande objectivo, mas ao mesmo tempo a minha grande superação.

O passado faz parte. Mas fica lá trás. Agora o presente é assim e não vale de NADA chorar por algo que não voltará. É ter coragem de enfrentar a realidade por mais dura que ela seja.

terça-feira, 11 de junho de 2019

11 de Junho 2016

3 anos se passaram deste dia. Para mim parece que foi ontem. Lembro-me de cada minuto, de cada momento, de cada lágrima.

Depois de 27h de urgência, sem saberem o que eu tinha, de terem já descartado várias opções, depois de ter ido a outro hospital fazer uma avaliação, eu volto ao mesmo hospital onde tinha estado internada há 3 meses atrás. Foram 27h!!! 27h de muitas dores. 

A dor andava comigo há mais de uma semana. Ja tinha me dirigido à urgência. Mas sem uma causa aparente. De dor muscular, passou por apendicite, passou por trombose venosa... passou por tudo mas nenhuma medicação fazia efeito e cada vez mais agudizava-se. 

Deixei de andar. As febres sempre altas. A lembrança da trombose venosa profunda ainda era recente. 
Como o diagnóstico era tão difícil, decidiram que tinha ficar internada para uma avalição profunda. "Outra vez?"
Outra vez o tormento. Outra vez num hospital. Outra vez as dores. Outra vez...

Volta tudo mas bastante pior. 

Fico num corredor do hospital, não existiam camas livres. Não dormi um único segundo na primeira noite. Não tinha posição. Ora tinha frio. Ora tinha calor. A medicação não fazia efeito.

Mas de tudo, o que é o mais difícil de suportar é a incerteza. É não saber. É a dúvida. É o medo.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Hoje o mano faz anos!

Parabéns mano! 

Parabéns a ti que és Luís porque nasceste no dia de Luís Camões. Parabéns a ti que me trouxeste o dom de partilha. Parabéns a ti que me estragaste os brinquedos, acabaste com a minha paciência e me enlouqueceste com as tuas birras.

Trouxeste contido a rebeldia. O meu sossego terminou com a tua chegada. 😁 Mas encheste a minha vida de sorrisos, brincadeiras, e sobretudo Amor. Amor entre irmãos é um amor incondicional que cresce entre birras e brincadeiras e se torna num amor sólido. Um amor para sempre. Um elo inquebrável.

A ti, meu irmão, desejo-te o melhor do mundo. Que a nossa união seja para sempre. Foste a melhor prenda que recebi. Ter um irmão é ter um companheiro de brincadeiras para toda a vida.

Parabéns mano! Gosto muito de ti❤








sexta-feira, 7 de junho de 2019

Ser mãe é (tão) difícil!

Pintam-nos a maternidade de cor de rosa, falam-nos do amor incondicional, do quão maravilhoso é ser mãe. Que ser mãe é a melhor coisa do mundo, que é fantástico, que não há sensação mais linda...

Ninguém nos fala do cenário "negro". Somos o cansaço, respiramos cansaço e andamos em modo Zombie.
O que tem de bom tem de difícil. As birras, os conflitos, as responsabilidades, as noites mal dormidas, a educação, o dinheiro... É difícil criar um filho, dar-lhe as asas para ele voar, traçar metas e caminhos, dar-lhe valores. 

É uma gestão emocional enorme. Vivemos com medo de falhar, de errar. Com uma culpa do tamanho do mundo. Somos o extremo. De um ataque de nervos à calma! Da pressa à lentidão! Do 8 ao 80! Somos o limite. 
Somos constantemente postas à prova. Pelos nossos filhos. Pelos familiares, amigos e pela sociedade em geral. O dedo é nos apontado diariamente. A perfeição é nos exigida.

Ufa!! É mesmo muito difícil ser mãe. 

Ninguém nos disse isso. Ninguém nos alertou para isto. Ninguém nos preparou para isto. Talvez porque estas dores são esquecidas por um simples sorriso do nosso filho!

sexta-feira, 31 de maio de 2019

Lúpus: o medo!

Todos nós sabemos que a vida é um instante. Sabemos o presente e que o futuro é uma incógnita. Temos noção que o dia de amanhã é uma incerteza.
Mas vivemos dia a dia, pintando o futuro de cor de rosa, cheio de sorrisos e felicidade.

Até que nos surge uma doença que nos transforma. Que nos amedronta.
Vivemos com medo. Medo do nosso corpo. Medo do amanhã. Medo do que aí vem.
Uma dor é motivo de angústia, de aflição e de sobressalto. Vivemos assustadas. Com medo que volte a atacar, que volte a doer, que volte tudo outra vez...

É difícil esquecer este medo. Temos ou devemos ter consciência da nossa realidade. Conscientes do nosso "problema" e das nossas limitações. Vivemos com um planeamento terapêutico e temos que o seguir à risca. Não pode haver falhas. Porque a vida é uma incerteza, o lúpus é uma incerteza e a qualquer momento tudo volta... Ou não...

Esquecemos o medo. Tentamos esquecer o medo. Tentamos não falar dele. Mas ele cá está, no nosso pensamento.

Mas que não seja empecilho para as nossas vitórias, sucesso, realização e boa disposição.
A vida é curta, os momentos são para serem aproveitados sem medos e sem angústias

Um dia de cada vez!!
Tens Medo? Sim muito.
Isso desmotiva-te? Não... sou mais forte que os meus medos!

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Lúpus: uma vida normal?

Nós, lúpicos, aguardamos ansiosamente pela remissão. Pelo descanso. Pelas tréguas.  Aguardamos ansiosamente que  a doença adormeça. Para ter uma vida normal. (Dizem)

Mas isto não é verdade. Não é a realidade e não vale a pena estar com falinhas mansas. Há que enfrentar as coisas como elas são!

Serei  a única a pensar nisto? Serei a única a ter a noção da realidade? Se a minha vida fosse normal não tinha limitações.

Vida normal??? Só se as constantes idas ao médico, a toma de uns 10 ou mais comprimidos, as pernas inchadas, a fadiga, o cansaço, as dores, os exames... fizerem parte de uma vida normal!

Quem nos vê de fora, esses sim pensam que somos normais, até porque a nossa doença é invisível. Aparentemente estamos bem. É normal que assim pensem até porque desconhecem todos os nossos "tormentos" para aparecer à rua com um aspecto "bonitinho".

Agora dentro de todas as limitações, temos a vida que é possível. Tentamos ter o máximo de qualidade de vida. Tentamos normalizar o nosso estado. Tentamos dar leveza ao peso da doença.

A partir do momento em que se descobre, a nossa vida muda ficando diferente. Passa a existir uma nova rotina. E aí sim... Temos uma vida normal dentro da anormalidade.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Pelos caminhos de Portugal - Baião

Por vezes é necessário acalmar, relaxar, desligar. Sair da rotina é maravilhoso! Faz bem! Faz bem ao corpo e à alma. Dá saúde!
Numa procura no Booking de locais perto e não muito caros encontrei os bungalows da Tasca do Valado. O meu marido já conhecia o restaurante. Quando lhe sugeri, não restaram dúvidas: é esse o destino!

Fomos em direcção a Baião, mais precisamente à aldeia de Mafómedes.Esta aldeia situa-se em plena serra do Marão, a cerca de 6 km da sede da freguesia de Teixeira. É um dos lugares  mais isolados do concelho de Baião. A população é, maioritariamente idosa existindo apenas cerca de 30 habitantes. Dedicam-se à pastorícia e à agricultura.

Imaginem que só em 2008 é que ganhou uma estrada graças ao antigo Presidente da República Jorge Sampaio. Numa visita ao local, conheceu duas gémeas de 10 anos, com bom aproveitamento escolar mas que já não frequentavam a escola porque os acessos eram muito difíceis e os pais tinham dificuldades financeiras.
Jorge Sampaio interessou-se pela situação e convenceu os pais a deixarem as crianças regressarem à escola, garantindo que iria interceder para arranjar transporte.

Mesmo assim a estrada é íngreme e mal passa um carro.



Os bungalows estão situado no fim da estrada. Numa montanha. Em verdadeiro equilíbrio com a natureza e a simplicidade. O verde, o azul do céu, o som dos passarinhos e do rio pintavam um cenário perfeito.







Jantamos na Tasca do Valado. Comemos a especialidade da casa: anho assado na brasa, e posso-vos garantir que é divinal. A paisagem, a simpatia dos funcionários passando pela comida tornaram as nossas mini-férias (muito mini) fantásticas! 







Para ajudar ao "desligar" não havia rede no local, nem Internet. Foram dois dias em plena harmonia com o que mais belo que a natureza nos dá.

Procuramos por vezes tão longe locais para descansar, sem saber que por vezes o paraíso está tão perto!