domingo, 30 de janeiro de 2022

Auto estima

A vida dá muitas voltas não é? Mas dizem que nos leva para o lado certo. Eu quero acreditar que sim. E acredito que efetivamente tudo acontece por uma razão. Recebo várias mensagens por dia. Ora de pessoas que gostam da minha forma de estar, outras porque se identificam com o que partilho, outras que partilham da mesma doença. Mais de metade das perguntas são sobre a auto estima. Como se faz para ter auto estima quanto a doença ou as doenças nos deixam marcas visíveis para sempre? Até há pouco tempo eu nem sabia o que era ter auto estima. Foi sempre o meu calcanhar de Aquiles da minha personalidade. Não é por estar mais gordinha que não se tem auto estima. Conheço boa gente que é magra e linda e auto estima nem vê-la. Nunca gostei muito do que via ao espelho e os defeitos surgiam sempre. Não gostava de ser alta, não gostava dos joelhos, dos dentes, do rosto comprido, do cabelo ondulado, do rabo, das coxas, etc etc etc. Agora imaginem esta ausência de amor próprio com a descoberta de uma doença para sempre que me levou a ganhar peso, ter estrias, a alterar a fisionomia do rosto, a alterar a forma como me visto... ou seja, a ver tudo a mudar, quase da noite para o dia. Foi um processo solitário, moroso e custoso. Mas cheguei a conclusão que nada dependia do meu aspeto físico, das sequelas, das limitações... dependia da segurança que eu tinha ou melhor, que tenho de mim mesma. As vezes questiono-me: como é possível eu ter mais auto confiança agora com mais 30kg??? O peso é acessório quando ele não me define. O amor próprio não se constrói por se ter uma cara bonita. E sim ter uma alma bonita!!! É isso que passa para fora!!! É colocar-me em primeiro lugar na lista de prioridades. Porque se eu não gostar de mim quem gostará??? E tu?? Na descoberta da doença sentiste que a tua autoestima estava abaixo de zero???

domingo, 28 de novembro de 2021

Cuidador de primeira viagem

CUIDADOR DE PRIMEIRA VIAGEM "A vida dá muitas voltas!" Já dizia o meu avô... E nunca esta expressão fez tanto sentido!!! A minha avó tem 92 anos e obviamente requer cuidados. Cuidados estes que nestes últimos tempos têm sido prestados pela minha mãe! Eu auxílio no que posso e quando posso... Engraçada a vida não é??? Quando eu nasci, a minha mãe para poder trabalhar, entregou-me aos cuidados da minha avó. Foi ela que me educou, foi com ela que aprendi a andar, a falar, a comer de garfo e faca, a rezar... A minha mãe chegava do trabalho, cansada e basicamente era jantar e dormir. Hoje, os papéis inverteram-se... A minha mãe cuida de sua mãe, cuida não como filha, mas como mãe. Ser velho, (e vou usar a palavra velho sem conotação negativa) é ser criança novamente! E é assim que nos cai um bebé grande. Um bebé que fala, que sabe as coisas mas que não as consegue fazer sozinho. Um bebé que tem ciúmes da bisneta porque divide a atenção com o seu CUIDADOR, um bebé que precisa de mimo e carinho, que é necessário trocar a fralda e que precisa de sobretudo de afeto e amor. E é neste amor que já não é de primeira viagem, mas que é de um zelo tão grande como se fosse ter o bebé pela primeira vez nos braços. E agora é chegada a hora de devolver todos os cuidados que ela teve com a minha mãe e comigo. E é tão bom poder acolhê-la nos nossos braços e fazê-la sentir segura no seu novo habitat! Ela tem nos pregado uns sustos!! E o meu coração bate com mais força nesses momentos. E sinto o medo como sentia quando a Ana Rita chorava e eu não sabia o que fazer. Agora é igual ou talvez pior... É olhar para a minha avó e não saber o que fazer. E pegar no telemóvel e ligar para os filhos que cuidaram dela com a esperança que eles digam que "isso é normal", "isso é habitual"... E respira-se de alívio!!! Porque o medo de perder é enorme. O medo de não conseguir salvar é maior que todos os medos! Ser CUIDADOR de um idoso é um acto enorme de amor e generosidade. Mas ao mesmo tempo a maior obrigação que temos: cuidar de quem cuidou de nós. Cuidar dos nossos velhos é dar-lhes a dignidade e o respeito que a sua idade ordena. É limpar-lhes o rabo com o mesmo carinho que se limpa a um filho, é partir a carne como se corta a uma criança, é dar mão para não cair como ela me deu tantas vezes quando eu era criança. Fui mãe de primeira viagem. É assim que se diz quando se é mãe pela primeira vez não é? E agora sinto que sou CUIDADOR de primeira viagem. E é tudo novo, cheio de medos e inseguranças... Às vezes olho para a minha mãe e vejo bem o medo que sente se lhe acontecer alguma coisa... A vida é uma viagem... há medo no início... há medo de cuidar num início de vida. Há medo de cuidar num fim de vida. Mas existe uma coisa em comum: CUIDAR COM AMOR!! "Pois onde estiver o amor, ali estará também o nosso coração".

Tu decides o que fazer com a tua dor!

Tu decides o que fazer com a tua dor! Primeiramente vais chorar... vais gritar... vais sentir revolta... julgas que não vais aguentar... Choras todos os dias e a tua vida é em função da dor. Não queres sair, não queres ver ninguém e entregaste à dor como se não houvesse amanhã. Depois choras dia sim, dia não. Não porque não dói, mas começas a tentar habituar à dor. A revolta continua. Andas triste, deprimido, sem alegria de viver. Perguntas porquê? Questionas tudo e não obténs respostas. Vives numa névoa e não consegues encontrar o sol que ilumina a tua vida. A dor continua lá, mas começas a habituar à sua presença. Não porque não dói, mas porque sabes que vais viver sempre com ela. Chorar só faz doer mais. Enfiar a cabeça debaixo da almofada só ajuda a dor a aumentar e o vazio da tua vida é cada vez maior... Tempos depois tens duas opções: ou vives nessa sombra e nesse vazio ou começas a reagir. Pegas na dor, colocas debaixo do braço e levantas a cabeça. E acredita, vai doer muito! Vai doer tanto que as lágrimas mais parecem sangue a escorrer pela tua cara. Mas elas vão se dissipar com a tua força e coragem. Terás que repetir as vezes que forem necessárias: "EU SOU FORTE, EU CONSIGO!" E vais ver que consegues. Aos poucos vais erguendo as tuas costas e a tua cabeça e verás que o tempo ficará mais ensolarado. Esses raios de sol que te vão iluminar vão criar uma espécie de escudo de proteção contra tudo o que te quer deitar abaixo. E tem atenção que muitas vezes são os teus pensamentos o teu pior inimigo. Segue o caminho... confiante. De mãos dadas com a dor. Ela nunca se irá embora mas tu é que decides o que fazer com ela!

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Frustração

Frustração Quantas vezes nos sentimos impotentes e frustrados com algo que estamos motivados e cheios de esperança? Quantas vezes ficamos frustrados porque somos contrariados pelas expectativas que impomos em algo? Numa doença crónica vivemos este sentimento imensas vezes. Frustração por não conseguir ter uma vida normal, por não conseguir fazer coisas normais, por não obter resultados desejáveis, pelo futuro ser tão mas tão incerto e pela constante insatisfação do nosso dia a dia. Ainda na passada sexta feira fui ao controlo de sangue.  Há uns meses que estava bem... finalmente tinha um pouco de paz e ia fazer a colheita 5 em 5 semanas. Para mim era um alívio e uma alegria por finalmente ter conseguido o controlo do sangue. Mas esta alegria não durou muito, porque o resultado foi péssimo! Não estava nada bem e tenho que repetir a análise ainda esta semana. Lidar com isto, que para uns pode ser banal, e, sinceramente, às vezes para mim o é também, nem sempre é tão fácil e natural. Com este resultado caiu uma sombra negra de cansaço, de "outra vez?", de "porquê?"... mas sobretudo de medo! "Ai meu Deus e se tenho outra trombose?" Sentir que não posso fazer nada é terrível! Sentir que não tenho controlo é assustador. É desta frustração que hoje falo que, certamente, para vós também é familiar!

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Tens tempo para ti?

Há dias tive uma consulta. Daquelas consultas que a espera nos deixa ansiosas. Vocês sabem como é: viver com medo que a doença desperte. Não sei se foi por não ter os resultados que esperava, se naquele dia estava mais sensível, se foi do cansaço, mas tive um ataque de choro à beira da médica. Sabem quando tentamos estar sempre alegre, e por uma simples coisa, vamos abaixo??? Foi mais ou menos assim... A minha médica é magnífica e com um coração bom. Ouviu-me ficando surpreendida com a minha reação visto que me conhece sempre bem disposta. - a última e única vez que a vi assim foi quando lhe contei que tinha Lúpus!! Eu não conseguia conter as lágrimas, a exaustão, o cansaço deste caminho que tem sido tão difícil. Por muito que mostre que supero tudo, e que de facto esta minha forma de encarar a situação me ajuda imenso, nem sempre sou forte. E nem tenho que ser. Ignorar as opiniões e comentários, disfarçar a dor e mau humor, aguentar bem disposta todas as transformações e limitações é dose. Não me admiro nada quando me dizem que ficaram deprimidas após um diagnóstico!!!! Mas eu chorei... lavei a minha alma à pessoa que me conhece tão bem enquanto doente. E no final disse-me: "sabe o que precisa? De tempo para si!" Eu não respondi... Ainda hoje essas palavras estão presentes no meu pensamento. Porque tenho que ser mãe, esposa, doente, dona de casa, empresária, empreendedora, amiga... Tenho que ser tudo. E isso absorve-me tanto que não consigo ter tempo para ser a Elsa! E a Elsa é isso tudo. Mas falta tempo... tempo para me cuidar! E tu? Tens tempo para ti?

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Acredita em ti!

Em muitas das situações da minha vida precisei da aceitação dos outros, da sua aprovação, fazendo notar todas as minhas inseguranças. Quando se demonstra insegurança, os outros "comem nos as papas na cabeça", já diziam os mais velhos. E essa é a nossa maior fraqueza. Calei-me muitas vezes, abdiquei de muitas coisas em prol dos outros, fui muitas vezes submissa à vontade do outro, escondia as minhas vontades, tudo porque sempre coloquei o outro num pedestal acima de mim. Por insegurança e por não acreditar em mim. Esta fraqueza que eu odiava e tentava esconder através do humor, foi-se embora quando fiquei doente. No meu momento de maior fragilidade, vi com quem podia contar e defini prioridades. O resto... É resto... E o que é resto não presta. Acreditar em mim, ter auto estima e ser uma mulher segura, não me torna uma pessoa arrogante e altiva, de todo! Faz-me sentir igual, de quem olha em frente, olhos nos olhos, sem medos. Porque eu não sou melhor do que ninguém, mas também ninguém é melhor que eu. Acredita em ti, no teu poder e verás que ninguém terá coragem de te colocar na lama!

terça-feira, 27 de julho de 2021

Despida de medos e inseguranças!

A vida ensinou-me, ou melhor,  tem-me ensinado que tudo acontece por um motivo, que tudo nos ensina e que existe sempre um lado bom! A insegurança pelo meu corpo começou desde cedo. Para me "castigar", passei por uma Síndrome de cushing que me rasgou a pele e me marcou para sempre. Para ajudar à festa, o aumento de peso e a Síndrome anti fosfolípidica mudaram o meu aspeto. Saber lidar com todas estas mudanças não é fácil. E expô-las ainda é mais difícil! Esta exposição pode tornar-nos mais frágeis e inseguros ou então, o contrário: mais fortes que um rochedo. Acredito que seja este o meu propósito: com o meu testemunho ajudar pessoas que tenham os mesmos medos, receios, problemas... talvez seja a minha missão. Ter Lúpus é ter dor diária, ver o seu corpo a mudar, a sua vida a mudar e mesmo assim aguentar firme com cabeça erguida e de sorriso no rosto. Somos pessoas do caraças 💪 não acham? Mostrar-vos assim despida de medos, fantasmas e de inseguranças que vos ajude a aceitar a realidade e aproveitar o lado bom da vida: o amor, a família, os amigos. Estes sim são o nosso porto seguro, que não nos largam. E quanto aos julgamentos, eu tenho as costas largas. Ah, e existe um botão que diz: não seguir!