O lúpus, ou outra qualquer doença crónica traz um grande impacto na vida do doente. Muda a sua vida. Quer familiar, quer social.
E o trabalho onde fica no meio disto tudo???
Na maior parte das vezes, o doente não consegue exercer as suas funções encontrando-se de baixa médica. Em muitas das situações, tem que alterar o serviço. Noutros casos mais gravosos, terá mesmo direito à reforma por incapacidade.
Eu considero-me uma sortuda neste assunto. Devo parte da minha recuperação ao meu trabalho. Este tornou-se no meu maior aliado e escape. Foi o meu melhor tratamento!
No dia da alta, perguntei se podia trabalhar. Pediram-me calma!
Como poderia ter calma?? Eu tinha tantos compromissos. Mas o maior compromisso que tinha era com o cliente. O meu trabalho era isso. Servir o cliente. E quanto mais longe estivesse, mais "esquecida" seria.
Sou esteticista e tinha o gabinete encerrado no mês de junho, no auge do trabalho. Verão, casamentos, noivas, festas... tive que desmarcar tudo!
Umas clientes entenderam. Outras não. Isso é como tudo na vida.
Apesar da calma que me pediram, e que eu fui obrigada a obedecer, o repouso tornou-se no meu maior inimigo. Passava os dias a pensar, a deprimir, a chorar pela minha nova vida, pela minha nova condição. É muito fácil "apanhar" uma depressão nestas situações.
Felizmente tenho comigo pessoas incríveis que me ajudaram a levantar a cabeça, mas o principal é que tive força para enfrentar o problema. Tive força para o mudar.
E uma semana depois, contra tudo e contra todos, comecei a trabalhar. Obviamente que trabalhando por conta própria foi mais fácil recomeçar. Eu só fazia o que conseguia fazer. Contratei na altura uma funcionária para me ajudar e para me complementar...
Não foi fácil mas foi maravilhoso! O sentir me útil, capaz e ocupada ultrapassou todas as minhas limitações e fez-me esquecer um pouco que a minha vida de há uns meses atrás eu nunca mais a teria!
O trabalho tornou-se então o meu melhor tratamento, um trabalho que não dá trabalho, que me trouxe alegrias e realização.
E quem convive comigo sabe disso, sabe que as minhas clientes são como família, e que aquele espaço é a minha segunda casa. Que por vezes torna-se na minha casa principal!!!
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