Ser Plus Size!

Nunca fui magra!

Sempre fui complexada com o meu corpo. Mas a certa altura aceitei como era. Eu era assim e era feliz! 

Até ao dia da cortisona entrar na minha vida e mudar tudo!!

Num mês estava inchada da cabeça aos pés e tinha cerca de 30 kg a mais! 30 kg é muita coisa! Claro que a culpa não é só da cortisona. Mas devido ao aumento do apetite que ela causava eu comia imenso... Só pensava em comer!

Como é viver com este drama?? Como é viver acima do peso? Como é viver infeliz com o seu corpo?? Ainda por cima eu estava a passar uma fase muito complicada: a descoberta da doença, os corticoides a começar a evidenciar os seus efeitos secundários, o meu rosto que mais parecia uma bolacha-maria que de tão inchado que estava... Eu tinha muito medo quando comecei o tratamento. Tinham-me alertado para as alterações no meu corpo, mas eu não estava preparada... dia após dia o inchaço era maior... Foi muito difícil aceitar!

Comecei a evitar espelhos. Olhar para eles era um martírio. Chorava cada vez que olhava!

Não tirava fotografias.

Não frequentava locais onde sabia que à prior iria encontrar pessoas conhecidas. 

Foquei-me no trabalho para tentar esquecer o que me estava acontecer (como se isso fosse possível). Mas não era nada fácil...

Primeiro porque não tinha roupa para vestir. Nada me servia. Nada me ficava bem... E comprar roupa??? Um verdadeiro dilema... Não encontrava lojas com roupa que me servissem. 

Uma coisa que continuo  a não perceber é esta moda do TAMANHO ÚNICO. Sinceramente não sei quem inventou mas quem teve essa ideia não entende muito do assunto. O tamanho único serve a quem??? A quem gasta o 36?????? E as restantes pessoas que gastam o 40??? e o 50??? Coitadas têm que andar com roupas que os modelos são básicos, que mais parecemos umas velhas. Bem haja às poucas lojas que encontro com roupa gira e de tamanhos grandes!!!

Continuo a não perceber porque as empresas ao confeccionarem um M, L e XL, não fazem o mesmo modelo em 4 XL por exemplo...?

A nossa sociedade continua a não estar preparada para as pessoas gordinhas!! Existe ainda um preconceito, um certo prazer de "deitar para baixo"... Ouvi tanta coisa, tantos comentários... "Olha como ela está!", "Não te cuides não", "Daqui a nada rebolas"...

Mas será que alguém já parou para pensar que a outra pessoa está assim não porque quer, que por detrás daquela imagem existe alguém que sofre com o seu corpo??

Eu sofri muito... 

Devido às grandes quantidades de cortisona que tomei, a minha pele ficou muito fina (efeito secundário) e as estrias apareceram em massa. Dizia eu que parecia uma zebra, mas com riscas vermelhas. Apareceram pelo corpo todo, ao ponto de me darem dor pois fizeram feridas... a pele tinha rachado. 

No inicio ainda consegui encobrir, era Inverno e andava tapadinha!

Quando o calor apertou aí é que foi.. Eu não poderia andar sempre de casaco. Eu não aguentaria nem suportaria o calor do Verão.

Tive que respirar bem fundo e tirar o casaco. Que dia meu Deus!! Que dia!!!

Os olhares, os julgamentos, as perguntas. 

Eu ponho-me a pensar: será que ninguém tem estrias? Será que ninguém reparou que eu estou inchada e como consequência a pele esticou? 

Respondi a todas as clientes que me abordaram naquele dia sempre com uma gargalhada. Brinquei e respondi que aquilo que tinha nos braços era um efeito zebra que estava muito na moda.

Se eu mostrar segurança,ninguém tem coragem de me deitar abaixo!!!

No final do dia chorei muito. Mesmo muito!!

Mas valeu a pena! Não preciso da opinião dos outros. Não preciso de saber o que pensam.

Sim tenho estrias, sim tenho peso a mais, sim continuo inchada, sim continuo a tomar cortisona, sim o meu corpo mudou e talvez nunca mais volte ao que era... Mas eu estou aqui, sobrevivi e tenho que me aceitar. Tenho que pensar que esta é a solução de combater o Lúpus e o Saf.

Olho para o meu corpo marcado, e fico triste claro. Mas agora digo que são marcas de uma história. É como uma tatuagem. Ficarão para sempre, lembrarão o que passei para poder estar aqui!

Antes do Tratamento

Depois do tratamento

Depois do tratamento