A palavra cancro assusta! Só de a ouvir dá-me um arrepio!. Nem quero imaginar o pensamento de quem tem que viver com ele!
Cancro!!! Ninguém gosta de ouvir, ninguém gosta de falar. Ninguém sabe o que dizer!
Como é conviver com alguém que acha que vai morrer??? Geralmente, o cancro está associado à morte, visto a mortalidade destes casos ser muito elevada. Infelizmente, quando se descobre por vezes já não há muito a fazer. É fulminante! Leva com ele a alegria e a esperança. Arrasta com ele todos os sonhos e planos. É doloroso. É penoso. Traz com ele uma dor avassaladora, um desespero, um medo e inquietude, uma ansiedade enorme.
E quando uma pessoa da nossa família descobre que é portador desse maldito? O que é que se faz? O que dizer a essa pessoa?
É naquele momento que todos os nossos problemas não são nada, percebemos o quão efémera é a vida, que não somos nada.
Cabe a nós família e amigos amenizar a sua dor, acarinhar e fazer que esqueça o tormento que vive...
Dar confiança e segurança a quem tanto medo! Dar força a quem tem que lutar com o desconhecido..
Mas como é possível se o medo invade as nossas vidas? Como é possível dar alegria quando o nosso coração está de tal forma apertado? Como é possível rir quando só apetece chorar? Como é possível dar força se nós estamos de rastos? Como é possível?
Sofremos! Tornamo-nos solidários na dor. O que nos move é a esperança! A esperança da cura...
E quando é terminal? E quando nos dizem que tem pouco tempo de vida?
A esperança onde está??!
Fica a esperança que fique em paz. A esperança que não sofra...
Vive-se dia a dia, demonstrando (ou fazendo por isso) todo o amor e carinho e tentando que nada fique por dizer e fazer. Esse tempo de angústia e espera, esse tempo de amargura, remete-nos para as boas lembranças dos momentos vividos. São essas memórias que nos reconfortam, que nos aquece o coração. Dá -nos a certeza que temos que aproveitar a vida ao máximo. Que não vale a pena perder tempo com coisas banais e inúteis. Aproveitar a vida como se fosse o último dia!
É como diz uma pessoa que me é muito querida "Um dia de cada vez"!
Estou a viver esta realidade que me era completamente desconhecida no seio familiar até ao dia 16 de Agosto de 2018, hoje vivo diariamente com o medo, mas também com a certeza de que nada pode ficar para amanhã porque a vida é o agora, e acredite que nestes meses de luta entre exames consultas radioterapia e quimioterapia já disse e demonstrei o meu amor ao meu pai do que nos restantes 35 anos.
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