A foto não é a mais bonita, mas é a minha realidade. Uma realidade nua e crua sem um bocadinho de magia do mundo cor de rosa. Há 5 anos a minha vida entrou numa montanha russa de emoções que transformaram os meus pensamentos, as minhas atitudes e a minha personalidade.
Este novo "eu" teve que aprender a viver. Morri e renasci. E como um bebé que aprende a andar e a falar, também eu aprendi a conviver com os fantasmas e medos de tudo que trás uma doença crónica. A palavra crónica é pesada. Para sempre é muito tempo. Como imaginar uma dor que é momentânea virar uma dor para sempre? Como suportar essa ferida? Como aprender que certas coisas podem piorar? Fui invadida por questões que algumas, hoje, ainda não tenho resposta. Outras o tempo fez me perceber com mais clareza que tudo acontece por um motivo. Nunca me perguntei: "porque eu?"! As lágrimas demonstraram a minha revolta, a minha fraqueza, a minha tristeza, tal como também mostraram a minha aceitação e a minha superação.
5 anos depois da trombose venosa profunda que me atirou para um hospital, totalmente debilitada e cheia de limitações, que me afastou da minha filha que tinha 3 meses e tanto precisava de mim, olhei para a minha perna. E chorei muito... Nestas marcas, neste edema, nesta pele roxa e avermelhada está muito do meu sofrimento e dor. Não só físico. A dor que tenho vai muito mais além que uma limitação física. Todos os dias me dói. E cada vez que sinto a dor física lembro- da dor da alma que passei naqueles momentos de há 5 anos, que para mim, foi ontem. O meu corpo, está todo ele marcado. Marcas estas, de uma viagem cheia de feridas. Não vão sair. Vou ter que conviver com elas e aprender que este caminho, apesar de o tentar esconder com as roupas mais bonitas que possa encontrar, é um caminho sombrio, cheio de obstáculos. Por detrás da roupa ou de um sorriso, "existe uma história que nem de longe os olhos de quem vê são capazes de desvendar".
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